História da Maquiagem: Os Anos 1970
Faz um bom tempo desde que publiquei pela última vez aqui no blog um post sobre a História da Maquiagem no Século 20. Nossa última parada foi nos anos 1960, e hoje pularemos lá pra década de 1970. Não iremos apenas conhecer as características gerais da maquiagem nos anos 70 mas também compreender como as pessoas daquela época lidavam com as questões de estética.
A Maquiagem em 1970 e suas Relações com a sociedade
A década de 70, assim como os anos 60, foi bastante agitada. Pautas políticas e sociais, tais como a dos Direitos Civis e da Igualdade de gênero permaneceram em alta, mas outras duas roubaram a cena: o preconceito contra o público LGBT e os problemas ambientais.
Alguns grupos em 1970 passaram a enxergar a indústria de cosméticos com outros olhos. Olhos bem mais exigentes que os do público das décadas anteriores.
O primeiro grupo via na indústria de maquiagem um mecanismo que escravizava centenas de mulheres ao redor do mundo, que as tornavam reféns de uma busca incessante pela beleza e juventude.
A maquiagem não era considerada uma manifestação artística ou de empoderamento pessoal, ao contrário, era encarada como um produto de um meio capitalista, que brincava com as inseguranças femininas em pró do puro e simples capital.
Tal grupo defendia o discurso da "beleza natural". Uma filosofia onde a mulher não precisaria se enfeitar, seguir tendências da moda ou se depilar para ser considerada bela.
"O movimento de libertação das mulheres aumentou o número de mulheres na força de trabalho, e o crescimento do feminismo com a publicação de obras como The Femele Eunuch de Germaine Greer, que desafiava a percepção da feminilidade, deixou sua marca na década de 1970. Inicialmente isso causou pânico na indústria de cosméticos por causa das velhas associações de ficar bonita para 'pegar um homem'. Feministas ardentes eram anti-homens e acreditavam que o uso de cosméticos contribuía para a contínua subjugação das mulheres". [1]
O segundo grupo estava entusiasmado pela onda naturalista. Eles desejavam cosméticos com ingredientes naturais, feitos por uma indústria mais transparente em relação aos componentes usados nos produtos de beleza que circulavam no mercado.
Um bom exemplo disso foi a linha Special Recipe da marca Mary Quant. Um dos slogans dizia o seguinte: "Agora você pode ser um pouco mais natural e muito mais bonita". Ainda no cartaz tem o seguinte texto:
"'Fiz minha nova maquiagem do jeito que está porque todo mundo deveria ter a chance de comprar cosméticos cheios de ingredientes naturais'.
Assim diz Mary Quant, que embalou uma despensa cheia de ingredientes naturais em tubos e garrafas para deixar você mais bonita.
Special Recipe, como ela chama. E ela incluiu óleo de gérmen de trigo, mel, cera de abelha, óleo de amêndoas e cores que vêm de extratos de sabugueiro, beterraba, cenoura e os ricos e exuberantes verdes de folhas e gramíneas.
A textura é suave, macia e fácil de aplicar.
As sombras são indescritivelmente sutis. Eles combinam maravilhosamente com a sua pele.
E cheire os cosméticos. Se você se lembrar de um dia de primavera e de sebes, não é surpresa. Esse é o cheiro inebriante de madressilva, combinado com todas as coisas boas que Mary insistiu em incluir nos seus novos cosméticos.
Usar a Receita Especial é como dar à sua pele uma semana no campo. Muito benéfico.
O que, afinal, é a razão pela qual Mary fez isso". [2]
O anúncio apresenta os produtos da linha Special Recipe em primeiro plano, e ao fundo e do lado, podemos observar cenouras, beterrabas, cera de abelha, entre outros ingredientes. Interessante notar que a cartela de cores usada é toda no tom de marrom. Excelente estratégia para induzir o potencial comprador a acreditar que realmente se tratava de preparos cosméticos naturais.
A Maquiagem dos Fins de 1960 e Início de 1970
Quando o assunto é a maquiagem na década de 1970, rapidamente as pessoas pensam no estilo disco ou na maquiagem neutra, entretanto, os primeiros anos de 70 foram marcados pela estética de transição. Tal estilo já havia se consolidado por volta de 1967/1968.
A maquiagem do início dos anos 70 era bastante carregada na região dos olhos. Os cílios recebiam generosas camadas de rímel e sombras opacas das mais variadas cores. Em oposição aos olhos, muito pintados, os lábios costumavam ser em tons neutros e com contorno, geralmente de coloração rosada. A pele era bem iluminada e as faces tinham o blush e/ou bronzer em evidência.
A Maquiagem Neutra em 1970
A maquiagem neutra da época pode ser bem visualizada na figura da atriz Farrah Fawcett, que alcançou o estrelato ao protagonizar a série de TV Charlie's Angels, aqui no Brasil com tradução de As Panteras.
O visual neutro tinha a pele bronzeada e iluminada, sombras em tons terrosos, e o batom preferido era o acobreado com algumas camadas de brilho labial transparente.
A Maquiagem Disco em 70
Discotecas foram o maior point nos anos 70. As pessoas a frequentavam para dançar, beber, fazer amizades, e obviamente, arrumar pretendentes. Só por isso, vocês podem imaginar que a maquiagem para uma discoteca precisava ser marcante e atraente.
A maquiagem disco brincava muito com as cores. As sombras eram cintililantes, a pele iluminada, o blush marcado e concentrado nas laterais, e os lábios levavam muito brilho.
Maquiagens Conceituais
A Maquiagem conceitual não era nenhuma novidade em 1970, porém essa época representou um dos pontos altos dos estilos excêntricos. Traços disformes, cores inusitadas e aplicações de strass, pérolas e outras pedras marcaram presença.
O estilo conceitual foi bastante usado no cinema alternativo, teatro e editoriais de moda.
Acima um tutorial de maquiagem no estilo discoteca.
Caso reproduza a maquiagem, não esqueça de me marcar no Instagram @blondevennus.
Texto escrito por Gabriela Lira. Caso use o texto como referência, por favor dê os créditos ao blog. Plágio é crime e está sujeito à pena!
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Fonte citada: [1] e [2]
All Made-up - 100 Years of Cosmetics Advertising (2007), Penny Dade.
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