Como Foi A Moda em 1900? Era Eduardiana

4/14/2022
Frufrus, rendas, babados e uma silhueta marcante, essas são algumas das características principais da moda na Era Eduardiana. E é sobre ela que nós vamos conversar em mais um episódio do quadro A História da Moda no Século 20. 

Moda Eduardiana. Reprodução.

O Que Foi a Era Eduardiana? 

A Era Eduardiana corresponde ao período do reinado de Eduardo VII, do Reino Unido, filho da lendária Rainha Vitória e do príncipe Albert. Esse momento histórico teve início em 1901 e terminou em 1910, ocorrendo paralelamente à Belle Époque, um período de grande efervescência cultural na Europa

 Foto colorizada de cidade no início do século 20. Reprodução.

Há divergências entre os historiadores sobre o início exato da Belle Époque. Alguns consideram que começou com o fim da Guerra Franco-Prussiana, enquanto outros datam a partir de 1890. Deixando de lado essas discussões historiográficas, a Belle Époque foi um fenômeno das últimas décadas do século XIX, marcado por impressionantes saltos tecnológicos e uma grande fé no progresso e no futuro

 Ensaio nos anos 1900. Reprodução.

O homem do fim do século XIX viu o nascimento da lâmpada elétrica, do telefone e até mesmo do cinema. Os cientistas encontraram respostas para questões que, até então, pareciam não ter solução. As artes plásticas foram agraciadas com uma geração de talentos de altíssimo nível. No entanto, essa sensação de controle sobre a natureza, as máquinas e o mundo como um todo era bastante ilusória. Esse homem do final do século XIX e início do século XX continuava a enfrentar os mesmos problemas existenciais de sempre, ainda que sentisse saber tudo e estar muito próximo de todas as verdades.

 Ilustração para o livro Germinal de Emile Zola. Reprodução.

Embora esse período tenha sido profícuo em vários setores, a pobreza, as desigualdades sociais e a violência não desapareceram — e, em alguns casos, até aumentaram. Tudo isso foi pauta para filósofos e escritores. De um lado, tínhamos Karl Marx com sua crítica ao capital; do outro, Auguste Comte com seu Positivismo. Em quem acreditar? Quem tinha a razão?

 Rei Eduardo VII. Reprodução.

Voltando à Era Eduardiana, o rei Eduardo era completamente diferente de Vitória, a ponto de boatos dizerem que mãe e filho não se davam bem. Vitória era uma mulher de caráter introspectivo, que guardou o luto por Albert até os últimos dias de sua vida e fazia o possível para evitar polêmicas em torno de seu nome e reputação. Já Eduardo era o típico bon vivant, um homem do mundo que gostava de apreciar os prazeres da vida, mesmo sendo casado com Alexandra da Dinamarca

 Alexandra da Dinamarca e Eduardo. Reprodução.

Quando Vitória morreu, toda a áurea sisuda de seu longo reinado caiu por terra, dando lugar a um rei com muito mais ânsia de vida e celebração. Isso, de alguma forma, acabou refletindo diretamente no comportamento da corte e influenciou o público em geral.

O rei Eduardo gostava de festas e de mulheres. Foi um grande frequentador dos cabarés parisienses e era rodeado de amantes. Seu comportamento inadequado não era um mistério para a esposa, Alexandra, mas o que se diz é que, apesar das diversas infidelidades, eles tiveram um casamento harmonioso e feliz.


Uma Silhueta Marcante 

A principal característica da moda no início do século XX foi a silhueta. Essa silhueta era marcada por uma cintura estreita, com seios e quadris projetados, e ficou conhecida como S-bend. Para conseguir tal efeito, as mulheres usavam alguns artifícios:

• Para a cintura fina, elas usavam corset;

• Para dar a impressão de seios maiores, utilizavam enchimentos;

• O enchimento também era usado no quadril.

 Exemplo de roupa íntima em 1900. Reprodução.

As cinturas dos anos 1900 impressionam, mas até que ponto eram reais? Ao contrário do que muitos pensam, a manipulação de fotos sempre existiu, e era comum que atrizes e modelos tivessem seus corpos adulterados nas fotografias. Para identificar essa farsa, basta observar atentamente o contorno do corpo; você possivelmente notará uma sombra em cor sólida que destoa do restante do fundo.

A cintura no começo do século XX parecia mais estreita do que realmente era por causa do formato dos corsets e, como mencionado acima, dos enchimentos colocados no busto e no quadril. Com essas duas partes do corpo aumentadas, obviamente a cintura parecia mais fina.


  Croquis de Moda na Era Eduardiana. Reprodução.

Também não devemos nos prender aos croquis da época, pois eram apenas desenhos. Os nossos croquis de hoje, por exemplo, costumam mostrar pernas muito mais longas que o tronco, mas sabemos que isso não corresponde à realidade. O mesmo vale para a representação da mulher nos anos 1900. A cintura nos desenhos de moda era mais fina do que o normal.

Para ler mais sobre a silhueta dessa época, clique aqui.


As mangas bufantes dos primeiros anos

Toda década tem seu período de transição, e com os anos 1900 foi ainda mais especial, já que a transição não era apenas de década, mas de século.

 


Os primeiros anos do século XX ainda estavam sob a influência do século XIX, especialmente no volume das mangas. A década de 1890 foi marcada por mangas extremamente bufantes, e essas mangas ainda podiam ser observadas nas ruas no início dos anos 1900, embora posteriormente tenham sido substituídas por modelos mais baixos e ajustados aos braços.

Vestido de passeio. Reprodução.

A Moda e os Bons Costumes 

Assim como no século XIX, a moda eduardiana era alicerçada na etiqueta, um conjunto de regras comportamentais consideradas adequadas para pessoas distintas.

Para cada ocasião, a mulher usava um traje específico: havia traje para a manhã, para o chá, para o jantar, para o baile, e assim por diante. Nosso post não vai abordar cada um deles em detalhes, entretanto uma característica precisa ser mencionada: o colo. O colo e os braços só apareciam em eventos noturnos ou muito especiais. Você não veria uma mulher com os braços à mostra às 9h da manhã de um domingo de missa ou em um velório

 Moda Eduardiana. Reprodução.

A etiqueta da roupa era levada a sério, e as cores também eram importantes. Naquela época, ainda era comum guardar luto e se casar de branco.


Os Grandes chapéus 

Os chapéus foram talvez o acessório mais importante entre as mulheres eduardianas. Os modelos eram largos e ornamentados com plumas, laços, flores e até mesmo pássaros empalhado

 Charge com chapéus gigantes. Reprodução.

Um modelo icônico foi o Merry Widow. Quem o usou pela primeira vez foi a atriz Lily Elsie, ao protagonizar a peça A Viúva Alegre. O Merry Widow Hat rapidamente ganhou as ruas. Recebeu muitos elogios, mas também foi motivo de chacota nas charges, que zombavam de seu tamanho exagerado.

No vídeo acima, eu contei mais sobre a moda eduardiana. Confira! 


Texto escrito por Gabriela Lira. Caso use o texto como referência, por favor dê os créditos ao blog. Plágio é crime e está sujeito a processos.

Para referenciar use:

Lira, Gabriela. Como Foi A Moda em 1900? Era Eduardiana. História da Moda. Disponível em: http://www.historiadamoda.com/2022/04/moda-eduardiana-1900.html


Quer que eu escreva pra você? Entre em contato através do Instagram @ahistoriadamoda. 



3 comentários:

Unknown disse...

Eu sempre chamo de Belle Époque, não que essa moda tenha durado Belle Époque (1871-1914) inteira, claro. E minha referencia nacional de figurino, é a novela MARAVILHOSA, Lado a Lado. Está correto? O que você pensa?

Unknown disse...

Já que eu mencionei Lado a Lado, veja se o meu raciocino é ok:
O figurino da Laura era de uma mulher que trabalhava, sem se procurar luxo mesmo sendo rica e o figurino da "Baronesa" da Boa Vista, Senhora Constância era mais pomposo, com esses chapéus.

Gabriela Lira disse...

Eu gostei muito da novela Lado a Lado. E sim, a Laura tinha um estilo mais básico, já a Constância representa a mulher da elite (os vestidos dela eram lindos), e era cada chapéu maravilhoso

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